Estou
triste. Sou um estúpido.
Depois
de meses, de vários avisos, de experiências difíceis, eu ainda não
aprendi.
Essa
coisa que fica impregnada em mim, que eu não consigo destruir, que
eu não consigo expulsar. Repulsa, nojo. Forço o vômito e o que sai
não me adianta. É como se eu continuasse a cuspir minha podridão
por aí. E ela entra como faca nas pessoas que eu mais amo.
É
muito ruim perceber que tudo o que se faz está errado, que é
necessário reaprender tudo em matéria de relações. É uma merda
descobrir que, depois de tantos anos, ainda não sei nada sobre mim
mesmo, sobre os outros. E sigo rasgando a minha história afastando
aqueles que um dia gostaram de mim.
É
como carma.
Mas
eu sei de onde vem. O problema é que não está só em mim, mas vem
do mundo e me agarra, inconsciente e rápido. É uma merda. Eu não
consigo me livrar disso sozinho, porque é sozinho que essas coisas
vêm ainda mais fortes.
Hoje
mesmo a foto sem graça que tiro da vista da varanda vai servir pra
substituir a imagem dolorosa. Eu ainda não consigo acreditar que
chegamos a esse ponto. Era tão bonito.
Mas
eu estava cego. Não via todas as navalhas que ia arrastando atrás
do meu puro egoísmo, não conseguia enxergar as feridas que deixava
com meu orgulho e sem dizer o que sentia.
E
agora? O que fazer? Preciso que alguém me tome pela mão e ensine.
Parece tudo tão distante, não consigo me mover. É horrível
transparecer toda essa apatia, todo esse desânimo. Talvez ele já
estivesse aqui antes, só estava escondido sob o sorriso dos dias
tranquilos.
Queria
dormir, acordar numa rede sob o sol fraco da tarde. Ter nada pra
pensar, nada pra ver, nada pra fazer. Queria ser uma planta, uma
folha de maconha, queria ser uma pedra. Vou virar sal, me espalhar no
mar, ser qualquer coisa no meio de tanta imensidão. Talvez aprenda
alguma coisa nisso.
G.Tritany