sexta-feira, janeiro 08, 2010

Não é ignorância; é falta de comida.

Alguns erros são irreparáveis. O mais grave, cometido pela sociedade desenvolvimentista, é fechar os olhos para os defeitos na base do progresso. Esses são influenciados pelo individualismo, que facilita a exploração de seres humanos, por seres diferentes.
A produção e baseia na existência de um explorador e de um explorado; e embora as tendências mundiais apontem para o nivelamento entre contratante e prestador de serviços, a maioria dos países subdesenvolvidos concentra, nas mãos de poucas pessoas, o mais poderoso instrumento de mudança: a instrução.
Muitas vezes, oportunidades de trabalho são magicamente ofertadas, criando uma ilusão de futuro; um "American way of life"; uma imaginação fantasiosa; uma mentira. O garimpeiro que extrai minérios das jazidas na Serra Leoa, quanto mais trabalha, mais deve pelo que come, pelos trapos que veste, por onde dorme, pelos materiais que usa. O ciclo é vicioso, e as condições estão longe de serem humanas. O próximo erro é o de quem compra esses produtos; impulsiona a indústria subumana e imoral da exploração humana.
Assim, torna-se inútil acusar a ignorância do povo, pois este não tem ideologia política, tem fome e tem história. A educação e a capacidade crítica por ela criada só podem ser concebidas quando o bem-estar social engana o estômago de quem já engoliu os erros e as mentiras do passado.