quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Pratagi não é Pratagy

Dia lindo; o vento soprava por entre os coqueiros altos de Maceió, e rumávamos a outra praia paradisíaca. Eis que surge a idéia de visitar Pratagi, de difícil acesso por estar bloqueada pelos interesses hoteleiros.

Acontece que, ao chegar à parte sombreada pelos belos coqueiros, somos interpelados por dois seguranças, que nos pedem, sem a menor vergonha na cara, para sair dali. Ora, a praia não é do hotel, e não temos nada a ver com o fato de os hóspedes esnobes acharem que podem ser assaltados.

Esse quadro é fruto de um escapismo da realidade que é característicos dos ricos. Esquecem que também são gente, igual gente que trabalha, igual gente que sua, pega ônibus, que implora e que não se hospeda em hotéis como o Pratagy Resort, que tenta, como seus simpáticos esforços, privatizar a praia de Pratagi, presente dos céus à humanidade.

Claro que não dá pra passar sem uma piadinha: “Poxa, que bom é poder estar na praia e saber que não vão mexer nas nossas coisas, com dois seguranças olhando o tempo inteiro”. Sim, dois seguranças nos olhando a cada segundo, prontos para agir contra nós; prontos para agir contra a classe trabalhadora, prontos para agir contra a SUA classe, na defesa de um império que o explora através desse trabalho ilegal, sem piedade do pobre segurança, que também é gente como a gente, que trabalha, sua, pega ônibus, implora e que não se hospeda no Pratagy.

Dignidade é só um detalhe; é facilmente comprável, se você souber oprimir certo.

G. Tritany