terça-feira, novembro 15, 2011

Eu acho que o mundo está perdendo artistas.

É, eu acho que os artistas, poetas comuns e cantores de chuveiro, estão morrendo, definhando em sua pseudo-arte, perdendo em capacidade criativa. Isso não é um fenômeno pessoal. Isso é uma consequência lógica e clara de uma crise histórica, de direção da humanidade.

Não é um sonho, não é uma estória. Se hoje você só avança até o ponto em que continua sendo poeta de microblogs, isso tem um motivo. Pra mim, isso é fruto de um limite intelectual imposto a você –determinado pelas condições materiais e culturais que regem sua educação-, e a todos nós, por um meio educacional chamado mundo-exterior (ou qualquer coisa alheia a você, exclusivamente representado por seu corpo material). O que vemos em nossas vidas não são imagens reais criadas por uma sequência natural e lógica, mas sim imagens discursivas ideológicas, que nos forçam a achar natural que a nossa história tenha se transformado em estória, e a maior possibilidade artística da humanidade tenha se transformado em sonho.

Tou dizendo isso porque eu olho com muita tristeza cada vez que um potencial artista é arrastado para o olho da ignorância, retrocedendo a uma condição reacionária e de sonhos superficiais. Ser artista é ser radical, é sonhar o surreal, é comer gente, é combinar o desigual, nascer de novo em novo. É entender que aquela arte que nos é mostrada pela grande não-arte, não é arte. Aquelas análises superficiais, da relação direta, do indivíduo com seu ambiente restrito, não revolucionam, não criam o novo. Não dão nascimento à arte verdadeira. Temo por nosso futuro, quando vejo artistas sucumbirem aos pés pós-modernos da pseudo-arte comercial.

Tantos bons futuros morrem cada vez que a contrarrevolução nasce no coração de um artista. Falecem em si, infiltrados pela malignidade de seus pensamentos micro-mundanos, esquecidos por toda a classe, que já não se reconhece como tal. E que tal se nossa gente se animasse além dos muros de países. Que tal se nossas mãos cavarem até as raízes, destruindo religiões e preconceitos, despindo governos e suas teníases, serventes ao próprio engorde de um mais-do-mesmo, que volta e meia acaba em crise?

Temo por nós, mas revoluciono a mim mesmo, a cada despertar, a cada chuveiro frio que me faz acordar. Sem medo, sem glória, sem títulos ou grilos. O mundo é nosso, e é pra ser feito em uma só parte.

Quem está sufocando sua arte?

G.Tritany