segunda-feira, julho 21, 2014

O passo, o voo

Só mais uma dessas noites. Foi só mais uma nota. Um segundo, e tudo explodiu na minha frente. Era cedo ainda, e eu não conseguia explicar a vontade louca de fugir atrás da última nesga do sol, que morria na minha frente.
Corri o mais que pude.  Sempre fico um tanto desesperado nessas situações... E as pessoas felizes passavam ao meu lado, desviavam do desvairado carro que eu conduzia amedrontado. Aterrorizado com o fim do dia e a chegada de um novo humor.
Virei para o lado e perguntei, como se realmente importasse a resposta:
- Que será de nós amanhã?
- Não sei - respondeu- me. Mas tenho medo do que a velocidade de seu esbaforido desespero pode nos apresentar agora. Se esse destino puder ser evitado, coloque as idéias no lugar.
A fantasia tem um lugar reservado no coração dos que correm pela vida buscando viver cada segundo, e as surpresas são o motor dos aventureiros. Mas às vezes, só a aceleração dos meus próprios pés queimando o asfalto pode resolver o desespero e suar as mágoas do jeito necessário. Quem sabe eu também não devesse aprender a voar, como fazem as pessoas de plastica felicidade nas suas asas coloridas, pousando na praia ao lado das gaivotas, com seus escravos pagos a carregar seu fardo. Não, não é pra mim.