quinta-feira, julho 02, 2009

Como se pára uma cidade?

E se todos os trabalhadores do transporte urbano de uma capital resolvem unir seu sindicato e fazer greve por um aumento de salário surreal. As camadas populares de uma cidade basicamente centrada na prestação de serviços e no comércio locomovem-se pelo trasporte "público". Paralizar este serviço é instalar o caos urbano. Nada vai funcionar direito, e as vias públicas tendem a ficar mais atoladas de motoristas de fim de semana em seus carros de passeio.
A greve dos motoristas e cobradores de ônibus da Gd. Fpolis começou na terça-feira às 7h da manhã, e até agora não se tem certeza se teremos ônibus para o fim de semana, que aliás começará pra mim como um tapa na cara e um não.
Tudo parou; escolas funcionam em estado de bagunça; metade das lojas estão fechadas e as pessoas dependem de carona para fazer essa cidade funcionar do jeito que der. Floripa é uma cidade de prestação de serviços em que os serviços não funcionam...
O que eu estou querendo dizer é que Florianópolis está MANCANDO. Andando do jeito que dá.
Estamos desfalcados de uma das pernas por capricho de grevistas que trabalham pouco, contribuem pouco, e ganham MUITO bem. Eles pedem um aumento no vale alimentação para R$310. Com trezentos e dez reais dá pra almoçar BEM todos os dias e ENCHER A CARA no fim de semana; bem, obrigado.
A idéia é que os cobradores de ônibus são mantidos para não causar um desemprego em massa, porque eles já não têm mais função, já que o sistema de pagamento de passagens é todo por catracas eletrônicas.
Pode parecer um incentivo ao exercício: estamos todos precisando caminhar mais; fazer uma peregrinação para ir ao trabalho...
As empresas estão providenciando carona a seus funcionários, para continuar funcionando. Por outro lado, muita gente aproveita para descansar, pois "sem transporte" significa "feriado"; se você é um desses, parabéns, tem muita gente atrás de uma pausa pra descansar (eu inclusive).
A maior tristeza, é que a lei declara a obrigação das empresas em manter 50% dos ônibus circulando em horários de pico e 20% no resto do dia - e vocês não estão acreditando que a lei está sendo cumprida, né? Os poucos ônibus que circulam em horário de pico fazem só a metade do trajeto obrigando os usuários a caminhar muito até o centro da cidade.
Pior do que isso é a incerteza quanto à volta pra casa; não dá pra saber se haverá ônibus pra voltar.
Acho graça é na facilidade que os florianopolitanos têm em achar que sua cidade pode ser sede de jogos da copa do mundo de futebol. Florianópolis não tem estádios decentes; não tem um sistema de trânsito que facilite o acesso de pessoas a lugar nenhum; não tem infra-estrutura para hospedar tanta gente; não tem investimento na qualidade dos serviços, e mais: quem conhece o transporte público da capital se surpreende com a merda por que se paga tão caro!
Acho que chegamos a um ponto em que a violência já não me parece tão absurda. Umas boas porradas nos grevistas e uns ônibus queimados acabariam logo com essa palhaçada. E depois todo mundo entrava em seus ônibus e voltava tranquilamente pra casa. Qualquer coisa, me liga.
Se amanhã eu puder ir à aula, de repente a gente troca uma idéia. Por ora, vá dormir e deixe de pensar besteira, moleque!