quarta-feira, novembro 19, 2008

Promessas...

Ardia o fogo. Juro por Deus que era enorme.
Pelo menos uma hora e meia se passou e queimavam as caixas de leite numa dessas curvas acentuadas da serra. Eu ainda não sei se foi no Paraná ou em São Paulo, mas aposto as poucas notas que tenho na carteira na teoria do Paraná.
Saí do ônibus e comi um sanduíche pra matar a minha fome. OUvi os homens conversarem lá fora. Homens simples, brutos, da estrada. E eu andava de um lado pro outro naquele friozinho que fazia (Definitivamente : Paraná) .
O motorista contava aos outros o que acontecera e lembrava de outros acidentes de saques na estrada. Divirto-me pensando na loucura que deve ser um assalto no meio da estrada. Eita, mundinho de merda.
E o meu celular, sem sinal, não me deixava nem mandar uma mensagem ao meu amor, só pra dizer que sinto saudades. Saudades que eu não lembrava que existiam e que me cortam o peito desde que eu assumi coragem suficiente pra compreender que ela é o meu vício.
Lá pelas tantas, a polícia começa a distribuir caixas de leite, e fico naquela dúvida: "pego ou não pego?"
Na verdade, eu decidi não pegar. Não queria andar, e nem carregar peso. Continuei a devanear.
O que me fez correr pra dentro do ônibus e sentar a escrever foi uma situação um tanto peculiar.

Sobe a rodovia um casal carregando caixas de leite longa vida. Quando passam pela rapaziada, comentam a distribuição, depois de um curto papo, e continuam o caminho.
Dali a pouco cessam os comentários e o motorista quebra o silêncio:
-Rapaz, isso daí é um veneno!
Eu imaginei qualquer outra coisa, e não leite...
-Esse leite de caixa - continuou o motorista - faz um mal, credo! Às minhas meninas eu não dou, tá louco! O médico foi mostrar à minha esposa a quantidade de coisa que eles botam nesse leite... nunca mais. Tratamos de dar todas as caixas que estavam lá em casa.

...
Juro por Deus que nunca mais tomo leite! Doravante, juro que só bebo cachaça! Como será que fica misturada com café?