sexta-feira, junho 19, 2009

"O herói é o genocida"

E você me liga hoje, como se eu pudesse lhe salvar de sua própria desgraça.
Tente entender que não há solução para o seu vazio e a dor que você sente não é minha como era há 5 meses.
5 meses... O sol ainda nos rachava os ombros naquela época. Nem acredito que já se passou tanto tempo.
Também não venha me culpar da saudade que você sente. Eu não me culpo nem pela saudade que sinto. Há anos que eu não derramo uma lágrima, e hoje tudo parecia tão aconchegante e um brilho me desceu o rosto áspero de barba mal feita. E ao som de uma valsinha eu me emocionava ao cheiro de café apagando da memória as mil incógnitas que as aulas me faziam descobrir.
Uma neurose; uma overdose ao som de uma voz aveludada e um contra-baixo feroz.
É noite e eu já não sei mais dormir tarde. É sexta-feira e eu nem mencionei a palavra "festa" hoje.
Lembrando daquele caso em que você me matou, eu só quis estar novamente sobre as pedras e me jogar no mar. É um roquenrou feito com amor que me motiva a relembrá-la.
Ainda me pego pensando se naquela tarde as coisas poderiam ter terminado melhores. Talvez você estivesse aqui ainda; talvez aquela queda não fosse fatal; talvez eu não tivesse aprendido a ser tão frio e ainda me dói pensar que num segundo tudo mudou. Um carro na estrada e a velocidade nunca nos parece ser tão fria; a realidade não nos pareceu ser tão alta e o tempo sempre foi tão curto.
Se um solo de guitarra pudesse lhe traduzir o nome, talvez eu o tentasse; se uma poesia fosse tão complexa quanto as suas vontades, talvez o poeta não a teria escrito...
Hoje faz 5 meses. Ainda não fui lhe deixar flores e não pretendo voltar tão cedo.
Não é crueldade, é respeito à nossa realidade.
Não me procure nos meus sonhos. Eu quero paz durante o sono.
Tomara que você esteja olhando por mim de onde está, meu amor.

G. Tritany