quinta-feira, junho 24, 2010

Naquele tempo...

Júlia entrava em meu apartamento como se fosse sua casa. Ela gostava de ficar horas sob meus braços, afagava-me os cabelos à luz que refletia em nosso suor.
Não ligava pra roupas que vestisse, qualquer camisa minha era festa, como se fosse uma armadura que lhe protegesse do medo.
Leve e linda, cantava ao meu ouvido, uma voz que eu adorava ouvir. Me alegrava o espírito, fazia querer mais...
As noites eram lindas, às vezes quietas, às vezes não. Movidas pelas nossas risadas ou pelos suspiros carregados de desejos, nada nos faltava.
Um dia, enquanto da garrafa caía em sua taça a última gota de um vinho gostoso, me contava que ia voltar pra casa, ia visitar sua mãe. Não me recordo se foi por doença, por saudades, por problemas... Nunca mais a vi.
Não sei por quê, mas achei que devesse lhe contar...
Agora não há mais nada, mas ainda tenho esperanças de que ela esteja viva para me procurar.
Talvez, se o relógio andasse pra trás.