segunda-feira, abril 25, 2011

Sobre um papo de maturidade…

Tava pensando… A música de hoje, os livros que essa molecada consome, os filmes dos mais variados tipos, nada disso é ruim, sabe? Acho que falta a todo mundo compreender certos pontos.

Um deles é que a música de hoje é legal, cara. Ela é tão legal que serve bem ao seu propósito: vender. Ela vende, ela encanta, ela faz parte da vida das pessoas por um curto período de tempo, depois fica velha. É assim que tem que ser pra continuar girando o ciclo. Outra coisa que tem que ser entendida é que a arte que se vende aos jovens hoje em dia casa com o padrão de maturidade esperado de nós. É sério, pô, não ri não. A questão é que você não vai pensar sempre assim, e daqui a cinco anos você não vai pegar aquele CD de quando você era adolescente, até porque o próprio CD de hoje em dia não dura lá essas coisas…

Pensando por aí, também vale à pena chamar a atenção da garotada, que hoje consome tanta porcaria “enlatada”, da razão por que se diz que a arte hoje em dia é tão vazia. Não tou falando pra ninguém deixar de gostar do que gosta, até porque a maturidade, paulatinamente, vai mudando seus gostos, vai mudando você. Mas tou falando pra escutar um pouco daquilo que se chama de arte até hoje. Aquelas coisas que ficaram no coração da gente, aquilo que fez meus pais dançarem, que toca no meu som agora, e que, provavelmente, vai tocar no som dos meus filhos também. Tou falando de conhecer a MPB da época da repressão, de conhecer João Gilberto, a Tropicália, os Mutantes… Tou falando de conhecer o movimento punk, de conhecer Lennon, Elvis, Os Stones… De conhecer Bob Marley… Cara, Bob Marley!

Tem uma coisa que eu vejo hoje, que é conversar com a galera sobre algo simples, tão simples, que só eu conheço. Ninguém nunca ouviu falar. Quer dizer: se eu for falar de funk carioca, todo mundo sabe! Se eu for falar do babaca do felipe neto, vai ter uma legião de cabeças vazias acenando, como se acordassem do transe em que se encontravam. Sei lá, parece que as pessoas estão crescendo sem amadurecer, sabe?

Eu bato muito nessa tecla, porque maturidade não é algo que vem com a idade. É sério. A maturidade vem com as experiências que você vivencia, e o tempo permite que você viva as coisas. Mas nada adianta passar o tempo se você vive numa bolha, se você não faz coisas diferentes do que sempre fez!

Vejo que tem muita gente nova perdendo tempo crescendo profissionalmente sem crescer pessoalmente. Você acha que estudar horas pra se formar e ter um diploma te forma uma pessoa melhor? Neca. Vejo que tem muita gente velha que ainda acha que escola-clube-televisão é programão… Quem sabe não é o mesmo jovem que deixou de ver o mundo pra se fechar num banco de faculdade, só pra ter pressa em deixar papai orgulhoso. Sei lá, cada coisa ao seu tempo, mas acho que o ritmo que vivemos hoje tende a nos levar cada vez mais a nos esconder da vida, e portanto esconder os nossos jovens da maturidade. Talvez porque hoje todo mundo quer viver em condomínios bolha, estudando em colégios alienantes e caros, ou talvez porque nossos pais tenham cada vez mais medo de nos colocar em ônibus e dizer: vai, meu filho, você nasceu pro mundo!

Aproveitar o máximo do mundo só é possível se nós estivermos juntos, crescendo e abrindo as portas para o novo, permitindo que a arte amadureça, que ela se encha de sentimento de verdade, para que não sejamos tão vazios quanto ela. A arte não cabe, sinceramente, ela não cabe, no sistema que existe hoje. Ela é outra coisa. Algo que eu duvido que um dia se defina, mas uma certeza eu tenho: a arte não é capitalista.

G. Tritany