terça-feira, maio 24, 2011

E o sofá maltratado…

…mas inteiro e confortável, com aquela sensação dos dias de paz e de festa. É diferente acordar aqui e lembrar que há dois anos eu me levantava entre amigos na minha casa. Sei lá, acho que criamos um ambiente em que rolava uma mágica. Mas talvez fazer aniversário traga a vontade de mudar, de fazer algo novo, eu não sei ao certo. De fato, estou sempre querendo mudar, sempre querendo algo novo. Não é mudar tanto assim.

Às vezes me pego pensando se eu vou levar mais vinte anos tendo experiências engrandecedoras que me mantém entediado, dia após dia. É sério. Quem sabe dar um enorme “foda-se” pra tudo seja a resposta. Viver o que quiser viver, andar pra onde quiser e ser livre. Ou pelo menos ser livre enquanto as rodinhas que correm abaixo dos pés estiverem em alta velocidade, ou enquanto a queda não chegar abraçando meu corpo com um carinho de lacerar a carne.

Não é questão de afirmar nada pra ninguém, é só a vontade de viver, de sair, de sentir, de ter um pouco de verdade no meu caminho. Estou cansado de emoções falsas, de sentimentos industriais, de dar sorrisos cansados. Eu quero me vestir como achar mais legal, quero andar mil quilômetros, quero dormir numa tenda e ficar cego em meio à neblina. Nas núvens, nada te incomoda.

É que todo dia, me sinto tão preso. Talvez seja essa  aqui vida corrida aqui, me dá essa sensação. Acho que um tempo em Floripa, banhado no sol frio, perto do mar do mata, ia ser esclarecedor. Quem sabe viver um tempo em outro lugar, um tempo para ler todos os bons livros que quisesse ler, um tempo pra acampar e acordar com o sol nascente, pra sentir amor novamente.

“Sou todo coração” disse Maiakóvski. Todo coração me faz pensar em ser todo também. Todo vermelho, pulsante, vivo. E simples. Acho que o coração dá essa idéia de simplicidade, de vivacidade, de abrir o peito e encarar o que vier, com os pés no chão, mas sem medo de voar.

Experimentar a sensação de voar com os pés no chão é o que me faz olhar essa cidade com tanta vontade de conhecê-la um pouco mais, de sair da rota padrão, de esquecer a rotina mais uma vez só, de voltar mais cedo pra casa, só pra largar as coisas, catar os óculos de sol e sair em direção ao mar sob a luz do astro rei, que brilha intensamente hoje.

Sei lá, mais uma fase começa agora. Eu não quero ter certezas, quero ter coração e coragem, e viver o amor que a cada dia canta mais alto em meus ouvidos. À vida? Isso.

G. Tritany