sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Tato?


O que é essa sensação? A sensação da falta de um toque, alguma coisa que faça a pele sentir a maciez de outra pele, o suficiente para trazer a sensação agradável de que se pode dormir em paz. Eu não consigo dormir em paz.
É realmente interessante, estive pensando outro dia, como é possível que nos relacionemos todos os dias com muitas pessoas, que tenhamos conversas longas e discussões que provocam nossas mentes e nossos corações, sem que falemos de nós mesmos, do que somos e do que sentimos. É incrível como é possível conhecer tanta gente e poder chegar em casa com a certeza de que ninguém me conhece.
E o mais engraçado é a capacidade de sentir vergonha, uma vergonha dolorosa, de ser gente, de ter sentimentos normais, de ter emoção. Não tem graça nenhuma. E todo momento é mais solitário que o anterior. As relações parecem não fazer sentido, e tudo o que sobra são lembranças do passado, fomentadas pela solidão que faz com que minha voz desenrole longas conversas comigo mesmo.
Se eu pudesse voltar atrás, faria diferente? Será que seria capaz de realmente sentir o que as pessoas sentem, de estar no mesmo nível de relação, de achar normal todas as emoções pre-concebidas, trazidas de um programa autodidático subconsciente coletivo de ideologias imundas? Eu não sei. E se soubesse, voltaria atrás, só para rever cada degrau em que pisei até descer a este ponto, onde ninguém pode mais descer, porque eu mesmo rompi a escada, o caminho que levava até mim.
Não sei, gostaria de um abraço agora. Mas um sincero, com direito a abraçar o quanto quiser, até os olhos baixarem e dormir suavemente, sem medo, preocupações ou dores.
O sono vem, mas não traz consigo a calma. É um sono agitado, apertado, angustiado.
Boa noite. Vou abraçar meus sonhos.